A Batalha do General Yogodayu
Seg 21 Dez 2009 - 13:16
Escondidos numa caverna, passaram dois dias temendo sererem descobertos. No terceiro dia, Yogodayu saiu cuidadosamente para se certificar se ainda estavam sendo perseguidos. Quando percorria os olhos entre os arbustos à procura de inimigos, viu uma abelha presa numa teia de aranha, debatendo-se desesperadamente para ficar livre daquela situação. De alguma maneira, o general identificou- se com a abelha, pois a situação de ambos era um tanto parecida. Então, com um pequeno galho, libertou a abelha de seu cativeiro e deixou-a voar em liberdade.
– Vai, abelha, e boa sorte. Não sei se terei a mesma sorte que você – disse o general, vendo a abelha desaparecer entre as árvores.
Nessa noite, Yogodayu sonhou que um jovem guerreiro, trajado de armadura de cores predominantemente preta e amarela, que apareceu diante dele e disse:
– General, vim lhe agradecer e retribuir por ter-me salvo a vida hoje de manhã.
– Mas quem é você, guerreiro? – perguntou Yogodayu.
– Sou a abelha que você libertou da teia mortal daquela aranha traiçoeira. Profundamente agradecido, desejo ajudálo a derrotar seu inimigo e a recuperar seu forte.
– É um sonho impossível, só me restaram 20 homens. O que posso fazer contra um grande exército?
– Siga fielmente a instrução que vou lhe passar e verá que é mais simples do que possa imaginar.
– Para enfrentar meu inimigo, eu preciso de um batalhão de fortes guerreiros.
– Que tal contar com 10 milhões de abelhas da montanha de Yamato lutando a seu favor? Para isso, você terá que construir uma casa de madeira, no melhor local para enfrentar o exército de seu cunhado. Depois, seu homens devem encontrar centenas cabaças secas, para que nós, abelhas, possamos nos esconder nelas. Vocês devem ficar morando na casa e deixar que o inimigo saiba que estão lá. Com certeza virão atacar e, nesse momento, acabaremos com eles.
Yogodayu acordou impressionado com seu sonho. Relatou aos seus subordinados o que tinha sonhado e falou de sua disposição em pôr, de imediato, o plano em ação. Os guerreiros de Yogodayu, deixando suas armaduras na caverna, saíram sorrateiramente de dois em dois e foram às aldeias vizinhas procurar ajuda e material para a construção da casa.
Passados 30 dias, apenas oito guerreiros trazendo madeiras e ferramentas retornaram à caverna, onde o general havia ficado no aguardo. Os demais debandaram, julgando que o general Yogodayu havia enlouquecido.
Os oito guerreiros, então, construíram uma casa no vale e conseguiram 2 mil cabaças, que foram penduradas no teto da construção. Logo, as abelhas foram chegando em quantidade incontável.
Um homem de Yogodayu foi enviado ao forte para espalhar a notícia de que os refugiados estavam escondidos numa casa no vale.
Dois dias depois, o exército de seu cunhado atacou a casa de madeira. Cercaram completamente o refúgio e derrubaram as portas e as janelas. Qual não foi a surpresa serem recebidos por milhões de abelhas, que voaram sobre o exército inimigo, picando-lhes os rostos e até cegando- os com suas ferroadas.
O exército inimigo fugiu em desesperada debandada. Calcula- se que, para cada guerreiro inimigo fugitivo, houve 3 mil abelhas perseguidoras. Muitos levaram tantas picadas, que acabaram ficando dementes. Outros morreram de febre com o corpo todo inchado.
Assim, com o inimigo completamente derrotado, Yogodayu retomou o forte. E, para comemorar o evento, construiu um santuário na montanha de Kasagi. E ordenou ao povo que todas as abelhas mortas durante o combate fossem coletadas e enterradas no santuário. Anualmente, até o fim de sua vida, Yogodayu foi ao santuário para reverenciar as abelhas e demonstrar sua gratidão.
Comentário
Em japonês, abelha é hachi, e oito também é hachi. No folclore japonês, hachi ( 8 ) é o número da sorte.
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