Nem musas, nem Obama: Japão bate EUA nos pênaltis e vence o Mundial
Dom 24 Jul 2011 - 12:20
Davi x Golias. De um lado, as americanas: altas, fortes, musas, tricampeãs olímpicas e bi mundiais. Do outro, as japonesas: pequeninas e desconhecidas. Assim como na história bíblica, Davi derrotou Golias, mas dessa vez na final da Copa do Mundo de Futebol Feminino, disputada na Alemanha. No último domingo, o Japão ficou duas vezes atrás do placar e conseguiu empatar com os EUA (2 a 2). A partida foi parar nos pênaltis e o "gigante" caiu (3 a 1). O mundo ficou impressionado, e a goleira Hope Solo também: "Algo gigantesco parecia estar ao lado delas".
Quatro meses atrás, no dia 11 de março, o Japão foi atingido por um terremoto, um tsunami e uma crise nuclear que devastaram o país. Antes dos jogos do mundial, as jogadoras assistiam às imagens dessa tragédia como forma de incentivo. A capitã, Homare Sawa, declarou que muitas vezes começaram a chorar. As japonesas entravam em campo sabendo que não tinham só um jogo a vencer, mas um país inteiro para ajudar a levantar.
Exemplos de superação através do esporte
Jornais destacam a vitória das japonesas sobre
as americanas na final da Copa (Foto: TV Globo)Alguns exemplos mostram como o esporte cura feridas e ajuda a alcançar o impossível. Em 1954, apenas 9 anos depois do fim da 2ª Guerra Mundial, a arrasada Alemanha venceu a Copa do Mundo diante da favorita Hungria. A vitória lenvantou a moral dos alemães que, em poucos anos, tornaram o país uma potência mundial. Já em 1964, num Japão também derrotado na guerra, o time feminino de vôlei bateu as gigantes russas nas Olimpíadas de Tóquio. Foi um marco na recuperação japonesa que, pouco depois, tornou-se a segunda maior economia do mundo.
- Isso é uma das virtudes mais importantes do esporte. Representar uma coletividade de maneira profunda e ajudar a essa comunidade, essa sociedade a recuperar a sua auto-estima. Sem auto-estima, sem orgulho nacional, nenhum povo se constrói como povo. Nenhuma sociedade se consolida como sociedade. O caso do Japão é típico para revelar verdadeiramente a importância do esporte - disse o sociólogo Mauricio Murad.
A vitória do futebol feminino criou um momento de felicidade no Japão que, desde as tragédias de março, não se via. Nas ruas, mesmo que timidamente, as pessoas já abrem um sorriso quando o assunto é a seleção - um orgulho nacional. Do outro lado do mundo, no Brasil, a colônia japonesa também vibrou junto.
Jornada dupla: de dia, trabalho; de noite, treino
As heroínas japonesas ganharam todas as capas dos jornais. Mas, quem são elas? Para descobrir, o repórter Roberto Kovalick acompanhou o treino de um dos times da liga japonesa, o Beleza. Isso mesmo! Beleza em português, uma influência do futebol brasileiro. O time é ligado ao Tóquio Verdy, um dos grandes times do futebol masculino no país.
As condições de treino são quase ideais: campo perfeito, grama sintética lisinha, a bola rola que é uma beleza. Mas na realidade nem tudo são flores. Treino à noite? Sim. Nenhuma das jogadoras é profissional. Todas tem um emprego. Elas trabalham durante o dia e se juntam para treinar quando o sol cai. Ou seja, as atuais campeãs do mundo treinam quando dá e onde for possível.
Azusa Iwashimizu, zagueira do Beleza e da seleção, estava voltando aos treinos e chegou dando autógrafos, pela primeira vez. A imprensa japonesa de olho na nova estrela, o que é algo inédito. A defensora trabalha durante o dia num escritório e ganha cerca de R$ 3 mil por mês. Num país caro como o Japão, não dá para ter uma vida muito confortável. E olha que ela é uma das jogadoras com um dos salários mais altos na seleção, que inclui atendentes de loja, agricultoras, estudantes...
- É uma vida muito dura, só fazemos isso porque gostamos muito de futebol - reconheceu Iwashimizu.
Além do título mundial, o time feminino do Japão conquistou a chuteira de ouro (goleadora) e o título de melhor jogadora, com a capitã e craque da equipe Homare Sawa, e o troféu "Fair Play", representando o "jogo limpo", as jogadoras que cometeram menos faltas no torneio.
Feitos impressionantes para estas meninas, as rainhas da classe operária, como chamou um site da internet, guerreiras, heroínas que inspiram um país a se reconstruir.
Quatro meses atrás, no dia 11 de março, o Japão foi atingido por um terremoto, um tsunami e uma crise nuclear que devastaram o país. Antes dos jogos do mundial, as jogadoras assistiam às imagens dessa tragédia como forma de incentivo. A capitã, Homare Sawa, declarou que muitas vezes começaram a chorar. As japonesas entravam em campo sabendo que não tinham só um jogo a vencer, mas um país inteiro para ajudar a levantar.
Exemplos de superação através do esporte
Jornais destacam a vitória das japonesas sobre
as americanas na final da Copa (Foto: TV Globo)Alguns exemplos mostram como o esporte cura feridas e ajuda a alcançar o impossível. Em 1954, apenas 9 anos depois do fim da 2ª Guerra Mundial, a arrasada Alemanha venceu a Copa do Mundo diante da favorita Hungria. A vitória lenvantou a moral dos alemães que, em poucos anos, tornaram o país uma potência mundial. Já em 1964, num Japão também derrotado na guerra, o time feminino de vôlei bateu as gigantes russas nas Olimpíadas de Tóquio. Foi um marco na recuperação japonesa que, pouco depois, tornou-se a segunda maior economia do mundo.
- Isso é uma das virtudes mais importantes do esporte. Representar uma coletividade de maneira profunda e ajudar a essa comunidade, essa sociedade a recuperar a sua auto-estima. Sem auto-estima, sem orgulho nacional, nenhum povo se constrói como povo. Nenhuma sociedade se consolida como sociedade. O caso do Japão é típico para revelar verdadeiramente a importância do esporte - disse o sociólogo Mauricio Murad.
A vitória do futebol feminino criou um momento de felicidade no Japão que, desde as tragédias de março, não se via. Nas ruas, mesmo que timidamente, as pessoas já abrem um sorriso quando o assunto é a seleção - um orgulho nacional. Do outro lado do mundo, no Brasil, a colônia japonesa também vibrou junto.
Jornada dupla: de dia, trabalho; de noite, treino
As heroínas japonesas ganharam todas as capas dos jornais. Mas, quem são elas? Para descobrir, o repórter Roberto Kovalick acompanhou o treino de um dos times da liga japonesa, o Beleza. Isso mesmo! Beleza em português, uma influência do futebol brasileiro. O time é ligado ao Tóquio Verdy, um dos grandes times do futebol masculino no país.
As condições de treino são quase ideais: campo perfeito, grama sintética lisinha, a bola rola que é uma beleza. Mas na realidade nem tudo são flores. Treino à noite? Sim. Nenhuma das jogadoras é profissional. Todas tem um emprego. Elas trabalham durante o dia e se juntam para treinar quando o sol cai. Ou seja, as atuais campeãs do mundo treinam quando dá e onde for possível.
Azusa Iwashimizu, zagueira do Beleza e da seleção, estava voltando aos treinos e chegou dando autógrafos, pela primeira vez. A imprensa japonesa de olho na nova estrela, o que é algo inédito. A defensora trabalha durante o dia num escritório e ganha cerca de R$ 3 mil por mês. Num país caro como o Japão, não dá para ter uma vida muito confortável. E olha que ela é uma das jogadoras com um dos salários mais altos na seleção, que inclui atendentes de loja, agricultoras, estudantes...
- É uma vida muito dura, só fazemos isso porque gostamos muito de futebol - reconheceu Iwashimizu.
Além do título mundial, o time feminino do Japão conquistou a chuteira de ouro (goleadora) e o título de melhor jogadora, com a capitã e craque da equipe Homare Sawa, e o troféu "Fair Play", representando o "jogo limpo", as jogadoras que cometeram menos faltas no torneio.
Feitos impressionantes para estas meninas, as rainhas da classe operária, como chamou um site da internet, guerreiras, heroínas que inspiram um país a se reconstruir.
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